quarta-feira, 28 de março de 2012

BLOGAGEM COLETIVA: BILINGUISMO NA DINAMARCA



 Hoje o tema da blogagem coletiva muito me interessa. Ainda que não veja ouça na prática, o bilinguismo é tema mais que recorrente nas conversas, já que me meti numa verdadeira torre de Babel. Sou brasileira, casada com um sueco e moro na Dinamarca. Trilinguismo, quem sabe.

Valorizo demais meu idioma, acho a sonoridade bonita, tem complexidade (quando falado corretamente). O sueco também acho bonito, a cadência é o que mais me agrada, é super musical. Já o dinamarquês...aiaiai!

Uma dúvida que as pessoas sempre tem com relação à nacionalidade da Katarina: É brasileira? Sueca? Dinamarquesa? Eu sempre falo sueco-brasileira, ainda que seu passaporte e certidão de nascimento digam somente sueca. É que como moramos na Dinamarca, é mais fácil ser sueca, para não precisar pedir residência e passar por todas as outras burocracias que eu mesma tive que passar. Ainda que nascida em Copenhague, ela não é dinamarquesa, que é um país Jus Sanguinis e não Jus Territorialis (Nguyen, beijo pra você :), como o Brasil. Nem eu nem meu marido somos dinamarqueses, logo Katarina também não é. E me parece que terá somente nacionalidade sueca, já que a Suécia não reconhece dupla cidadania. Mas não tenho certeza disso, ainda tenho que confirmar.

Enfim, temos pelo menos 3 línguas que estarão dançando nos ouvidinhos da minha menina: português, sueco e dinamarquês. 

Em casa, meu marido e eu só falamos português (ele é um geninho que fala 6 línguas), mas com ela tem falado muito sueco, naquele método OPOL (one person one language-uma pessoa uma língua), para ela associar mais fácil e ter fluência nos idiomas. Eu só falo português com ela, óbvio. De vez em quando, para desgosto dos meus sogros (sinto que os escandinavos tem um forte instinto de sobrevivência da língua e cultura deles, já que eles estão isoladinhos e fechados lá no Norte do mundo), ele fala português com ela também. Eu acho que tudo bem, ela ainda tem só 3 meses e não gosto de nada muito amarrado, cheio de regras.

Já estou me abastecendo aqui de livros e CDs brasileiros, afinal também tenho meu instinto de sobrevivência da minha raiz. Lá na Dinamarca não tenho ninguém, tudo que me é familiar está muito longe, então prezo ainda mais o português.  ELA VAI FALAR PORTUGUÊS com sotaque paulistano, ou não me chamo YARA! Ha!

Sueco vai ser fácil para ela também, toda a família sueca tá ali do lado. Dinamarquês vai ser na escola. Meu marido e eu nos eximimos desse compromisso, já que a língua dinamarquesa é um tanto...um tanto...complicada e de sonoridade impossível de ser reproduzida por pulmões/esôfagos brasileiros e suecos. A gente pode chegar perto, mas o sotaque é fooooorte! Dinamarquês faz o alemão soar romântico.

Na Dinamarca, que é um país pequenininho, o inglês é fundamental, afinal, somente eles no mundo falam a língua (e mais um gatos pingados nas Ilhas Faroé). Muito fácil se comunicar em inglês no país todo, de crianças à idosos, todos falam, são raras as exceções. Além do grande número de imigrantes que vivem no país. Aliás, um pequeno adendo aqui, ouvi dizer que as escolas suecas oferecem um professor na língua materna dos imigrantes, mas não sei se devido ao grande número de imigrantes na Dinamarca isso também acontece, ou se já pesou demais no bolso do governo. Então, dinamarquês e inglês na escola, sueco e português em casa. Com ênfase no português, por puro capricho meu! 

Brincadeira, não é capricho não, mas tratamento com filho ou qualquer outra criança cuti-cuti é sempre na língua materna, não é?  Afinal, "ai que bichucrinha da mamãe" soa muito mais legal do que "hvor søde" ou qualquer outra coisa em viking. Hehehehehe! Embora "sötnos" é divertidinho, devo admitir.

O português fluente vai servir para manter e estreitar o relacionamento dela com minha família, porque a gente sabe que nem todo mundo aqui no Brasil fala inglês, né? Mesmo que os brasileiros de desdobrem em 4 para entender os gringos (coisa diferente de lá, onde maioria das pessoas simplesmente te ignora se sua pronúncia não for perfeita)*.
 E ela que se prepare para férias prolongadas em terras tropicais, entendendo que "meu" não é só pronome possessivo mas também um vocativo; que "cara" não é só rosto e assim por diante.


*jeg elsker danmark og det danske folk. 





terça-feira, 27 de março de 2012

DIACHO!

Hoje o dia não tá nada legal. Meu marido só volta quinta, eu machuquei a mão DIREITA, tá um calor de deixar indiano suado e ainda por cima o mundo vai cair já já.


Sei lá que diabos aconteceu com minha mão direita. Travou e dói muito.


E hoje a Katarina resolveu ser menos agradável. Só sossega quando fica no ar condicionado, que fica no quarto, no andar de cima, onde a internet não pega direito.  Valeu wireless da Net! E ainda tenho que ficar  balançando o chocalho, senão a diva não se aquieta.


Daí que eu tenho que tirar leite, me dá coceira esse calor, um choro sem fim na minha orelha e o medo da chuva com RAAAIOS e TROVÕES! Garanto que vai acabar a luz. E quando acaba a luz, queima a bomba da água, daí que a água diminui horrores, porque minha mãe mora na mesma rua da caixa d´água. Quem consegue falar água mais vezes na mesma sentença?


Socorro! 

Quem disse que maternidade é só alegria e momentos de prazer?  Né não, gente! Tem vezes que deixa qualquer Madre Teresa da pá virada. Até o livro que eu indique tá permeado de comentários de mamas que perdem a linha com a cria. Mas só em pensamento, hein! Nada de levar para a prática esses devaneios diabólicos! 


Hoje deixei a Katarina chorando por 3 minutos sozinha no quarto. Saí para esquentar o leite dela e não quis trazer comigo pra cozinha, senão eu ia surtar! Achei melhor sair e respirar fundo. E quando voltei encontrei uma bolotinha mordendo o dedão do pé. Daí esmaguei tanto a bichinha que toda minha RÉIVA foi embora.


Agora ela mamou, chorou, fez cocô vazante, tomou banho, quebrou mais ainda minha mão, chorou mais um teco, cheirou aquele cheiro de chuva e dormiu. Então to aqui escrevendo, em vez de comer ou descansar. Tóim! 




nada a ver essa foto, mas é que ela parece de brinquedo

 tentando acalmar a menina com tapete musical

segunda-feira, 26 de março de 2012

JURO POR DEUS

Não é à toa que as palavras me fogem da boca e tenho me comunicado quase que exclusivamente por onomatopéias.

Ah, favor abstrair a mãe louca que JURA POR DEUS que a filha de 3 meses agradeceu quando recebeu a chupeta...mas eu juro por Deus!


sexta-feira, 23 de março de 2012

Semana Mundial da Doula



Parabéns para essas mulheres que nos ajudam a passar pelo momento mais bonito com naturalidade e dignidade!



terça-feira, 20 de março de 2012

PALPITEIROS



Já aviso que esse tema será recorrente nos posts. 
Gente, estria, kilos extras, peito de índia velha, pele manchada, barba, bexiga frouxa e pé inchado* são fichinha quando comparados à coisa mais irritante que nós mães temos que aguentar: os pitacos. É um terror! E eu não tô sozinha nessa não! A gente ODEIA palpite, povo! 
Ó, para não ser total injusta, tem uns que são legais, mas é mais a maneira como são dados os tais “conselhos”. Tipo, minha irmã falou que era mais fácil enrolar a manga do body entes de colocar o braço, sabe? Super conselho! Porque ela viu (via skype) minha primeira vez vestindo a Katarina. Aquele bebê molinho tendo o bracinho enfiado naquele minhocão sem fim que era a manga longa. Valeu, sis! 
Mas tem uns que pelamor, né, gente! Não sei o que acontece com as pessoas, que querem se meter em tudo e justificar cada barulhinho, chorinho, expressão do bebê DOS OUTROS. É incrível como TODO MUNDO acha que sabe muito mais do seu bebê do que você mesma.
Vejamos alguns exemplos irritantes:
“Ah, ela tá morrendo de fome, coitadinha!”
“Ah, essa menina tá com frio com essa roupa, pobrezinha...”
“Tira essa roupa dela, ela tá morrendo de calor, coitada!”
“Por que você insiste com a mamadeira? Ela não tá com fome, tadinha!”
“Você vai mesmo acordar a menina para dar mamá? Coitada!”
“Por que você não coloca um brinco nela? Eles nem sentem dor com essa idade.”
“Nossa, quanta roupa azul! Vão pensar que ela é menino!”
“Nossa, quanta roupa rosa! Menina pode usar outras cores também.”
Reparem como as pessoas morrem de dó do seu bebê. É coitadinha pra cá, pobrezinha pra lá. E TUDO ISSO SEM MOTIVO! Meeeeu, como isso me irrita! Minha filha não é coitada! Ela é muito amada, bem cuidada e feliz!
Olha aqui para vocês: :p

Eu sempre reclamei dos palpites com meu marido, ele me achava meio exagerada. Até que uma velha doida parou para falar com ele, que esperava fora da loja com o carrinho, enquanto eu comprava algumas coisas. 
“Agora, com essa temperatura (uns 9°C lá em Copenhague) os bebês não devem ficar cobertos. Eles precisam tomar ar.” 
Ele super se irritou com a velha intrometida.
E ontem no restaurante? Uma menina falando ao celular atrás de mim, Katarina chorando no colo da minha mãe.
Menina no celular: “Ah, esse barulho? É um bebezinho chorando...TÁ COM FOME.”
Arghhhhhhh!!!!!!!! Como assim, perua???  A menina tinha ACABADO de mamar! 
E a mulher do caixa então:
“ Ai, que chorinho forte,né? É choro de DOR.” 
Toda-toda com seu ar de sabedoria...
E não se trata só de uma coisa cultural não. Dinamarca ou Brasil, tem bebê na área, tem palpite também.
Dinamarca: “Você não coloca ela no carrinho para dormir na neve? Eles adoram e dormem super bem.”
Brasil: “O que? Você tá louca de sair com a criança na rua! Tá 8(!!!!) graus! Ela vai pegar uma pneumonia e morrer! Se ousar a sair vou chamar o conselho tutelar, hein?”
Jisuish!
E quando eu cheguei aqui, há 2 semanas:
Passa Katarina toda serelepe de fralda...
Passa Katarina toda serelepe de body...
Passa Katarina toda serelepe de fralda...
Passa Katarina toda serelepe de body...
E assim ad æternum (olha o curso de Direito aí,gente!).
Eram duas palpiteiras de plantão que bancavam o saci e me aterrorizavam! Minha queridíssima mãe e minha não menos querida irmã!
Minha irmã achava que a Katarina morria de calor e tirava o body. Minha mãe achava que a Katarina não deveria ficar com o peito descoberto, "senão pega resfriado", e colocava o body.
E eu?
Nem consultada fui! E não tinha como acertar, porque se concordava com uma, discordava da outra.
Daí, num ataque muito louco, eu rasguei o body com os dentes! Deixei só a frenteira da roupa na menina e todos ficaram calados e com medo.

Tá, isso é mentira. Mas teria sido muito legal, né? As ideias (olha eu atualizada no novo acordo gramatical, sem acento!) legais sempre chegam atrasadas...
E já repararam também que a mãe é sempre a mal humorada super sensível que não aguenta ouvir nada?
Não é isso, mas a gente ouve TANTO de TANTA gente que o último a falar é sempre o que leva na cabeça.
 Querido palpiteiro, antes de você já relevei outros mil “conselhos”. Foi mal aí, colega!
E quem fica no meio das discussões?

Eu!

Diálogos do filme:

Chapolin: “Conselho bom é conselho morto...não...é...se conselho fosse bom não seria de graça.”
Palpiteiro: “Mas tô só querendo ajudar.”
Chapolin: “ De boas intençōes morreu o diabo! Digo, de boas intenções o inferno tá cheio.”
Palpiteiro: “Tá bom, não vou falar mais nada.”
Chapolin: “Isso! Porque boca fechada não vaia Roma. Ou, em boca fechada não entra mosca.”
Gracinhas sem graça à parte, sigo tentando relevar (e revelar aqui no blog para ganhar audiência) boa parte das intromissões, repetindo mentalmente ou a altos brados  que a decisão é minha e ponto final. 
Hej, Linus, marido querido, eu digo decisão minha, mas você é sempre incluso aqui, viu? Hahahahahahaha.

* Eu não tive nada disso. Passei pela gravidez como um cisne elegante e minha filha de 4,222 kg saiu pelos países baixos sem causar nenhum estrago. 

sexta-feira, 16 de março de 2012

E AGORA?



Fui para São Paulo domingo e fiquei por lá, na casa da minha irmã, até quarta. Foi para passar mais tempo com minha irmã, rever alguns amigos e assistir ao campeonato brasileiro de barista.
Três dias não rendem muito quando se está em São Paulo com um bebê de 3 meses e ainda por cima sendo uma eping mom.
Resultado: mais tempo no apartamento, algum stress com o trânsito, um sueco dirigindo, um GPS demorado, um leite diminuindo, um calor senegalês, um ar condicionado capengando, uma irmã de TPM e ufa!
 Mas o saldo foi positivo: 3 amigas lindas, um tapete musical, uma toalha do Pequeno Príncipe, um cobertor fleece rosa lindo, um par de havaianinhas cor-de-rosa, chocolate para moi e muitos doces e Yakult que minha irmã providenciou para nossa estadia. Mais amigos no campeonato e ainda umas fotos MA-RA-VI-LHO-SAS feitas pela querida amiga e fotógrafa Marion Caruso. Aliás, coitada da Marion! Como ela pôde passar mais horas comigo, ouviu TU-DO que aconteceu na minha vida nos últmos 5 anos mais ou menos. Tadinha! Fiquei até sem fôlego de tanto falar.
Rever minhas amigas e assistir ao campeonato de baristas me deixou feliz, mas também com uma inquietação muito grande. Minhas amigas com seus empregos legais, trabalhando com meio ambiente, Caras, fotografia...e no campeonato de baristas, minha profissão, minha paixão. E eu lá. Só olhando. Foi estranho.
Daí fico aqui pensando. O que eu vou fazer? Voltar a trabalhar? No que? Onde? Ficar em casa? Estudar? E se estudar, o que? Onde?
Assim que saí do colegial (ainda não consigo chamar de Ensino Médio, me dá impressão de coisa mal feita) entrei na faculdade de Design. Tive que desistir depois de 1 ano por questōes  financeiras.  E pelo layout safado desse blog, nota-se que não aprendi muita coisa! Depois de 3 anos resolvi estudar Direito. E entrei no Mackenzie, a única prova que prestei. Fiquei super feliz! Estudei por 2 anos e meio. Mas surgiram umas oportunidades de viajar a trabalho para os Estados Unidos, Nicarágua, depois Itália, Japão e finalmente Dinamarca. Então o curso ficou lá. Na metade.
Entrei naquela faculdade de Design com 17 anos. Estou com 28 agora. O que eu conquistei nesse tempo? Dois campeonatos de barista, duas latinhas de café no Japão, um emprego na Dinamarca, um casamento e uma filha linda. E não tá bom?
Não.
Quer dizer, não sei!
Às vezes me sinto super realizada, outras me sinto incompleta. A sensação é de sala de espera. Como se uma coisa fosse acontecer, basta esperar essa fase passar. Mas nem tenho idéia do que se trata essa coisa que pode acontecer. 
Mas também há dias que acho que nada pode ser tão gratificante como ser mãe. Profissão nenhuma no mundo preenche tanto. 
Que confusão!
Quem foi que disse que a mulher tinha que ser mãe e profissional de sucesso ao mesmo tempo? 
Quem foi que disse que mãe tem que ser só mãe e mais nada? 
Não se trata de uma inatividade compulsória!
Essas pessoas deram um nó na minha cabeça. Agora eu tenho que descobrir meu caminho sozinha,mas muito bem acompanhada. 



Todas as fotos foram tiradas por Marion Caruso.

quarta-feira, 14 de março de 2012

OS CABELOS CRESCEM, MAS O LEITE...


O que acontece com os cabelos da minha filha e com meu leitinho aqui no Brasil?
É alguma coisa que colocaram na água? 
Estou sofrendo com minhas ordenhas aqui em terras tupiniquins...consigo no máximo 120ml por sessão! Isso com um pouco de sorte, porque às vezes 90-inha e c´est fini! Socorro! Tenho apelado para o famigerado leite artificial-fedido-gosto de cinzeiro-colicador de nenéns. 
Em compensação, os cabelos de Sansão, A.K.A Katarina, estão cada dia mais compridos e mais claros. Chegou aqui no maior palhaço style e agora tá cheia de matinho novo, uma gracinha! Só uma faixinha atrás que continua pelada. Mas isso faz parte do charme dela.


domingo, 11 de março de 2012

DOS AVÓS. ESSAS CRIATURAS ESTRANHAS



Sempre achei o máximo aquelas pessoas que tinham um relacionamento bem próximo com os avós. Sabe aquela vó que deixava fazer tudo e fazia comidas gostosas? E aquele vô que contava história e ensinava bons modos?
Eu nunca tive isso desse jeito. Culpa minha, dos meus pais e de ninguém. Culpa minha porque sempre fui muito tímida e morria de vergonha perto dos meus avós. Culpa dos meus pais que nunca promoveram muitos encontros com meus avós. Culpa de ninguém porque eles moravam longe, assim nos visitávamos pouco.
Meus avós paternos moravam no Rio Grande do Sul. Íamos para lá em períodos de férias e só. Mas como meu avô foi meio sacaninha, a relação entre meu pai e ele ficou meio estremecida, só tiveram mais contato pouco antes dele vir a falecer, quando eu tinha por volta dos 7 anos de idade. Minha avó já tinha uma porrada de netos que moravam próximos dela, tipo na rua de baixo, então a gente nem era grande novidade. Ha! Mas me lembro da maravilhosa geléia de uva que ela fazia...infelizmente ela faleceu no final do ano passado.
Da minha vó materna não me lembro. Faleceu quando eu nem tinha 1 ano ainda. Meu avô materno foi o mais próximo. É ele que eu imito  para a Katarina e ela adora. Aliás, todo mundo adora minha imitaçāo. Pobre vovô! Dele me lembro de muita coisa, mas ainda assim não fomos tão próximos. Ele criou minha prima Dani, que perdeu a mãe aos 7 anos de idade. Sei que é ridículo o que vou escrever aqui, mas sempre rolou um certo ciuminho. Poxa vida, ele também era MEU vô, né? Ele não era do tipo de vô que ensinava boas maneiras ou explicava história. Era do tipo que fazia a gente rir sem saber que estava sendo engraçado. E fazia macarrāo com Tarantella. Na minha casa minha māe só comprava Pomodoro, entāo eu achava o macarrāo dele uma delicia! Para você ver como tinha paladar apurado! Ah, as sutilezas dos molhos de latinha eram percebidas pelo refinado gosto de uma criança que achava Miojo a coisa mais gostosa do mundo...





Esse meu querido avô faleceu em setembro de 2010. O dia que soube que ele havia falecido foi horrível. Digo o dia que SOUBE porque minha mãe nunca quer me contar essas coisas. DIz que sou manteiga derretida. E sou mesmo!
Mas esse não é um post triste, gente! Limpo a garganta e continuo...

Quero que minha filha tenha muito contato com os avós. Ainda que eles sejam mais pitaqueiros (vai ganhar um post a parte) do que eu gostaria, acho super importante essa referência. E valorizo mais ainda agora que moro tão longe dos meus pais. Para mim é inconcebível que a Katarina tenha a relação distante que tive com meus avós. Quero que ela se sinta a vontade com eles, que tenha respeito, mas não fique encabulada. Para isso vou me esforçar muito para que ela venha passar temporadas com eles (vai ser meio saco essa divisão por conta do divórcio dos meus pais, mas eu sou meio mestre salomônica e dou um jeitinho (porque também sou brasileira)).
Com os avós paternos vai ser mais fácil. Moram em Göteborg, 3..4 horas de carro de Copenhague. O que, de novo vou ser estúpida aqui, acho meio injusto. A decisão de permanecer fora do Brasil foi minha, claro, mas eu gosto de fazer um draminha. O que eu queria mesmo era levar os meus comigo. Fica o apelo aqui: Manhê, vem embora comigo, favooooor???
Dizem que ser avó é mais legal ainda que ser mãe, porque você pode fazer as coisas legais de novo, corrigir o que acha que fez errado e deixar a parte chata para os pais. Não consigo imaginar nada mais gostoso e completo do que ser mãe, mas quando vejo a minha linda maravilhosa mãe com a minha linda maravilhosa Katarina no colo, percebo uma leveza inerente as avós e ausente nas mães. É um olhar diferente, um carinho diferente. Eu me derreto toda com aquelas duas bandidas!


Agora, uma coisa que eu acho bizarro: Por que nossos pais e in laws perguntam se estão fazendo certo alguma coisa, tipo segurando a cabeça direito? Será que eles esqueceram como era quando a gente era bebê? E as vezes acham que sabem tudo e tomam liberdades que nunca lhes foram dadas. Vai entender... E por que eles dão tantos palpites em tudo? Aqui eu acho que é particular de uma geração. Perguntei para minha mãe se a mãe dela também era tão palpiteira. Ela me disse que não. Sortuda! 
Brincadeiras à parte, o que eu quero mesmo é que minha filha tenha um relacionamento próximo, tipo colado mesmo, com os avós.  Cada um deles vai ter algo a acrescentar. Ainda que quando falo isso, penso na minha mãe, afinal de contas, quem não acha que tem a melhor mãe do mundo? Eu não acho isso não.
Eu tenho é certeza!

sexta-feira, 9 de março de 2012

ENQUANTO EU TIRO LEITE...

Manhê, olha eu! É assim que usa? Ui Ui Ui!
 Ou é tipo um taco shell?
Mas é mole... 
Uh...que macio 
Mãe? 
Droga...

quinta-feira, 8 de março de 2012

Teste da Violência Obstétrica - Dia Internacional da Mulher - Blogagem Coletiva






Mais uma vez vou falar sobre parto. Dessa vez por um motivo especial. É o dia Internacional da Mulher, e ainda que já estejamos em 2012, ainda há muito que conquistar em relação ao direito de escolha da mulher na hora do parto. 


Infelizmente o Brasil faz parte do infame grupo de países que priorizam a cesárea como forma de trazer uma vida ao mundo. Argumentos infundados fazem com que muitas mulheres se submetam a um procedimento cirúrgico, respeitando não o tempo da mãe e do bebê, mas a agenda do médico.
Não sou uma “xiita do parto vaginal”, sei que a cesárea salva vidas quando há risco para mãe ou filho. Mas sabemos que a maioria das cesáreas agendadas são desnecessárias. 
Agora, pela minha experiência, fico aliviada por poder ter tido minha filha em um país que respeita o tempo e a escolha da mulher. Minha gestação durou 42 semanas e minha filha nasceu linda, forte e saudável. Tivemos alguns percalços aqui e ali no caminho, mas ninguém me empurrou o pacote tenha-um-filho-com-a-maior-conveniência-agende-uma-cesárea. Na verdade, quando minha placenta estava muito baixa e havia a possibilidade de ser submetida a um procedimento cirúrgico, mais exames foram marcados, tudo para que não houvesse uma desnecesárea.
Uma frase que ouvi de uma das parteiras, depois de 2 dias indo e vindo do hospital, mais muitas horas de trabalho de parto foi: 
“Não se preocupe. Nunca ninguém ficou lá dentro.”
Isso porque minha filha havia passado das 40 semanas e meu trabalho de parto estava lento. 
Claro que ela ia nascer! E foi bom que não foi nascida.
Não tenho intenção de diminuir a experiência de nenhuma mãe que  passou por procedimento cirúrgico. Eu mesma sou fruto de uma cesárea. 
A bandeira que levanto aqui é a de alerta. Que cada mulher tenha o seu direito de escolha respeitado. Mas respeitado de verdade, e escolha livre de influência. Uma mulher que opta pela cesárea quando o médico diz que essa é a melhor “alternativa” para que o bebê não sofra, quando não há risco algum de sofrimento, não é uma alternativa, é imposição. Mãe alguma vai discutir, simplesmente vai acatar.
No Brasil, uma em cada quatro mulheres relata maus-tratos durante o parto. Já passou da hora desse gigante adormecido acordar para o direito da mulher de trazer vida ao mundo de forma digna.
Aqui, peço que façam parte desse teste sobre violência obstétrica. É anônimo e vai fazer a diferença!

MÃE DE DUAS


MÃE DE DUAS
Hoje de manhã na hora do café, falava com a minha mãe e meu marido sobre segundo filho. 
Eu sou a caçula da mama! Meu marido é filho único. Minha mãe sofre com os ciúmes das duas filhas.
Mas, gente, eu tenho tipo 3 fotos de quando era bebê, já minha irmã tem umas mil (exagerei aqui, tá mais pra umas 50, que equivale a mil no início dos anos 80 em família de baixa renda). 
Já minha irmã pensa porque é louca que minha mãe me acha mais legal e tal. Não que eu não seja, muito pelo contrário, sou muito batutinha, mas não tenho privilégio nenhum com a mama. Na na ni na não! Ainda que eu seja bela, loura, jovem e fina flor. Hahahahahahahaha! 
Daí eu falei pra minha mãe que acho que deve ser muito difícil ter outro filho, porque o primeiro foi a grande novidade e o segundo é tão last year. Ela riu como quem consente me chamou de boba. Falou que não tem como medir o amor, que são experiências diferentes, mas amor do mesmo jeito (toda malandra achando que me enganava).
Minha irmã e eu brigamos e brincamos muito ( pretérito perfeito e presente do indicativo). Muitas vezes tive raiva, muita raiva mesmo dela, mas outras tantas não conseguia me imaginar sem ela. É uma coisa maluca a relação entre irmãs. Ainda mais quando a diferença de idade é pequena, 1 ano e 8 meses no meu caso. A gente era colada, par de vaso. Era aquela coisa: eu podia falar mal dela quando ela era maldosa, mas ai se outra pessoa falasse...o tempo fechava! O mesmo com ela. Ela até brigou com a Claudinha, na pré- escola, que roubou minha vassourinha (brincadeira em escola pública é assim, vassoura, colher de pedreiro...). Até hoje é assim. Ela é chata, mas SÓ eu posso reclamar dela. Minha mãe também pode, mas é melhor nem falar isso, senão ela já vai sair dizendo que sou a favorita da mamãe

Voltando ao café da manhã...
Então meu marido pergunta:
- Você acha que se tiver outro desse (apontando para a Katarina) não vai gostar tanto? Eu duvido...
Meu marido quer uns 3...4 filhos. Coitado! É que ele disse que sofreu sendo filho único, tinha q brincar com os primos e só (quando eu imagino ele em casa brincando sozinho eu fico com coração mole e penso em ter mais uns 12 filhos).
Ai, eu não consigo ter idéia de como seria ter outro! Por enquanto é impossível imaginar. É um amor tão intenso, tão diferente que sinto pela minha filha. Meu foco está todinho nela. Mas ia ser legal ouvir um “mãããããããe, a Katarina bateu nimim!”
Deve ser muuuuuuito doido e doído sentir isso 2, 3, 4, mil vezes! Mas como é? Ainda não entra na minha cabeça...e acho que só vai entrar quando entrar também na minha barriga...
 de olho na bolsa da mami
 ela ganhou a motoca, eu o andador que faz mal para a bacia
olha a Ieie me beliscando. Flagra!